O passado
Os relatos mais antigos relativos à reprodução da Águia-pesqueira em Portugal remontam ao início do século XVII. Tratava-se de uma espécie que habitava ao longo da costa portuguesa e que era conhecida por “Guincho”.
A espécie reproduzia-se ao longo da costa portuguesa construindo os seus ninhos nas falésias e em ilhéus. Registos antigos assinalam o pinhal de Leiria também como local onde a espécie nidificava. Relatos indicam que a população nos anos 30 seria constituída por cerca de 20 casais. Em 1975 apenas 6 desses territórios estariam ocupados e 4 deles desapareceriam nos anos seguintes. Apenas 2 permaneceram ativos até que no início dos anos 90 desapareceu um desses territórios. O último casal desapareceu em 1997, ano em que a fêmea morreu.
Foram vários os fatores que contribuíram para o declínio e desaparecimento da águia-pesqueira enquanto espécie nidificante em Portugal. Uma das principais causas apontada terá sido a crescente ocupação humana do litoral português, que se intensificou a partir dos anos 70. No entanto o abate indiscriminado de animais e a destruição dos seus ninhos também são factores importantes no desaparecimento dos casais reprodutores.
Declínio da Águia-pescadora em Portugal no Século XX: 1900–1980.
Os círculos preenchidos mostram reprodução ativa territórios. (Palma et al 2019)
O presente
População invernante
Portugal alberga uma população invernante de Águia-pesqueira que ocupam os principais estuários e rios (Mondego, Vouga, Tejo, Sado e ria Formosa).
Também pode ser observada pontualmente nas inúmeras albufeiras do sul do país.
A realização de censos para contabilizar a população invernante têm ocorrido desde 2015. Os últimos censos realizados sugerem uma população invernante de cerca de 200 indivíduos
População nidificante
Em 2015 estabeleceu-se o primeiro casal reprodutor na albufeira do Alqueva como resultado dos esforços realizados no âmbito do Projecto de Reintrodução da Águia-pesqueira em Portugal.
A expansão tem sido um processo muito lento e em 2020 um segundo casal estabeleceu-se numa albufeira no litoral alentejano, elevando para dois os casais reprodutores.
O estabelecimento de outros dois possíveis territórios (Alqueva e Algarve) em 2021 são bons indicadores sobre a expansão da população nidificantes em Portugal.