O Projecto de Reintrodução da Águia-pesqueira (Pandion haliaetus) em Portugal, desenvolvido pelo CIBIO – Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos, contou com o apoio financeiro da EDP Energias de Portugal, teve como principal objectivo o estabelecimento de um primeiro núcleo reprodutor que contribuísse para a recolonização pela espécie da área histórica de nidificação, a costa marítima portuguesa, onde desapareceu como reprodutora no início do século XXI.
O projecto decorreu em duas fases, a primeira entre 2011 e 2015, onde foram libertadas aves juvenis provenientes da Suécia e da Finlândia, na barragem de Alqueva. Foram translocados um total de 56 juvenis, 27 da Suécia e 29 da Finlândia, que completaram o seu desenvolvimento numa torre de adaptação (hacking) situada na margem da albufeira da barragem de Alqueva, na Herdade do Roncão, concelho de Reguengos de Monsaraz. Os juvenis foram libertados após cerca de 22 dias de permanência na torre, depois de equipados com radio-emissores VHF, para poderem ser acompanhados pela equipa. Neste período foram instaladas várias plataformas artificiais nas ilhas localizadas na albufeira do Alqueva.
A segunda fase do projecto que decorreu entre 2016 e 2018 teve como objetivo central a criação de condições de habitat com vista a acelerar o ritmo de instalação de casais nidificantes e a constituição de territórios de reprodução, a partir dos indivíduos reintroduzidos na primeira fase e que sobreviveram até à idade adulta e que regressaram à Península Ibérica e, em particular ao sul de Portugal. A estes potenciais reprodutores poderão juntar-se outros indivíduos, provenientes de outros projectos de reintrodução para além de aves de outras populações que se encontrem de passagem ou estacionadas em Portugal e que poderão ser atraídas pelos primeiros para a constituição de casais territoriais. O melhoramento da oferta de habitat de nidificação constitui uma medida fundamental para evitar a perda progressiva do capital de potenciais reprodutores resultantes da reintrodução, devido à inevitável mortalidade que ocorre com o decurso do tempo. Para tal foram colocadas diversas plataformas artificiais em vários locais no sul de Portugal, bem como vários poleiros em albufeiras em que a espécie era registada e não havia essas condições. Foram instaladas plataformas artificiais na albufeira do Alqueva, albufeira do Caia, albufeira dos Minutos, Estuário do Tejo, Rio Tejo, Estuário do Sado, Rio Mira, Lagoa de Santo André, albufeira de Morgavel e Castro Marim.