Águia-pesqueira

Reprodução da águia-pesqueira abaixo do expectável em 2023

Na primavera/verão de 2023, CiBio/Biopolis e Lanius – Turismo e Ambiente, Unipessoal Lda, acompanharam, através do seu representante, Jorge Safara, os casais de águia-pesqueira reprodutores em Portugal. Infelizmente, apesar de três territórios terem sido ocupados, nenhum teve êxito reprodutor.

Em 2023, 64% das estruturas artificiais de nidificação instaladas para águia-pesqueira, no âmbito do projeto de reintrodução, foram visitadas pelo menos uma vez. Das 25 estruturas artificiais montadas, apenas uma foi ocupada pela águia-pesqueira, no entanto, sem sucesso reprodutor. Três dessas estruturas artificiais foram ocupadas por cegonha-branca (Ciconia ciconia), sendo que uma delas também tinha um ninho de Ganso-do-Egipto (Alopochen aegyptiaca).

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Ninho de cegonha-branca, instalado em plataforma artificial construída para águia-pesqueira, no âmbito do projeto de reintrodução em Portugal (Foto © Jorge Safara)

Territórios de águia-pesqueira em 2023

Os territórios ocupados em 2023, situam-se nos distritos de Portalegre, Évora e Setúbal.

Distrito de Portalegre

No distrito de Portalegre, o território localiza-se em Elvas ocupado desde 2015, e é constituído por um macho finlandês com anilha verde e código P23, libertado no projeto de reintrodução em Portugal e uma fêmea de origem alemã e proveniente do projeto de reintrodução espanhol (Andaluzia) com anilha preta e código 9UW.

A 3 de Março foi observada uma águia-pesqueira na zona de nidificação, mas não foi possível confirmar se seria algum membro do casal. A 13 de março, o ninho estava ocupado por cegonhas-brancas e só a 12 de abril se confirmou a presença dos dois membros do casal. Neste território não foi possível concluir qual terá sido a causa do insucesso reprodutor.

O casal voltou a ocupar o ninho onde nidificou em 2016 e 2017 que, entretanto, havia sido sucessivamente utilizado por cegonha-branca. Nesta zona, a disponibilidade de substratos de nidificação está cada vez mais reduzida. As cegonhas-brancas, começaram a construir ninhos em postes elétricos nas margens do rio.

Distrito de Setúbal

Em Sines, o território foi constituído em 2021, instalando-se um casal numa plataforma artificial instalada pelo projeto de reintrodução. Em 2022 o casal era constituído por um macho de origem incerta, ou seja, não tinha anilhas que possam comprovar a sua proveniência e uma fêmea nascida em 2017 em Espanha, portadora de uma anilha amarela com código MH. No entanto, em 2023, esta fêmea não apareceu. Em junho verificou-se substituição da fêmea, que poderá explicar o motivo do insucesso deste território.

casal de águia-pesqueira
Casal de águia-pesqueira no ninho (Foto @ Jorge Safara)

Distrito de Évora

No Alandroal, detetou-se, a partir de maio, a presença de uma fêmea com anilha amarela e código TR num ninho construído em 2017. Esta fêmea nasceu em 2016 numa albufeira em Cádiz, Espanha. Ocupou o ninho entre maio e julho, mas sempre solitária.

A fêmea TR tem sido observada na zona deste 2017, altura em que formou casal com o macho finlandês, reintroduzido em Portugal com a anilha verde P82. Em 2021 foi observada a tentar nidificar com o macho já nascido em Portugal, de anilha verde P59. Nunca foi comprovada a reprodução com sucesso desta fêmea.

Observação de águia-pesqueira em Portugal no período reprodutor

As observações de águias-pesqueiras submetidas na plataforma eBird, entre 1 de maio de 31 de julho de 2023, estão patentes no seguinte mapa. (Nota: considera-se este período para evitar a observação de aves que se encontrem em migração).

observações de águia-pesqueira

Mapa com registos submetidos na plataforma eBird entre 1 de Maio e 31 de Julho de 2023

Fonte: Sullivan, B.L., C.L. Wood, M.J. Iliff, R.E. Bonney, D. Fink, and S. Kelling. 2009. eBird: a citizen-based bird observation network in the biological sciences. Biological Conservation 142: 2282-2292.